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Autonomia e Independência

A ordem natural da vida é crescer sob os cuidados dos pais, desenvolvendo sua própria personalidade, aprendendo a se cuidar e planejando seu futuro, assim, em um determinado momento um filho ou filha deve saír da casa da família de origem para ser responsável pela sua própria vida.

Isso deveria ocorrer mais ou menos quando um jovem sai da gradução, como se fosse um “rito de passagem” … já que os tempos mudaram e muito mais pessoas têm acesso à universidade, pois antigamente quando um jovem adulto – que hoje classificamos como adolescente – precisando ajudar a família começava a trabalhar, logo era empurrado para a vida adulta, muitas vezes o “rito de passagem” era um casamento sem, na maioria da vezes, o casal ter passado por estudos de nível superior.

Obviamente isso tudo mudou! E isso é ótimo, certamente. Estudar, encontrar um bom emprego e alguém com quem planejar uma vida a dois e então saír da casa dos pais.

Acontece que muitos “jovens adultos” já não são tão jovens assim e ainda permanecem na casa dos pais e ficam numa espécie de “limbo” entre a adolescência e a adultez. Alguns sequer trabalham, são sustentados pelos pais ou até por irmãos mais velhos, enquanto outros trabalham mas não chegam a ter uma remuneração que lhes permita morar sozinhos, para poder saír da casa de sua família. Bem… a idade destes “jovens adultos” vai dos 23 e já vi passar dos 40 anos… curioso, não?!

O que será que está por trás disso? Será falta de oportunidade de trabalho bem remunerado? Pouca qualificação profissional ou iniciativa? Bem, quem é que não conhece pessoas que mesm sem completarem seus estudos e foram morar sozinhas, encontrando uma maneira digna de ganhar seu próprio dinheiro e se manter de maneira independente?

Pois bem, segundo a visão sistêmica da Constelação Familiar, podemos pensar em algumas dinâmicas que ocasionam essa falta de movimento de um “adulto” para a vida “adulta de verdade“, ou seja, sendo autônomo e independente financeiramente e emocionalmente de sua família de origem:

  1. Um dos pais foi embora e morreu e o/a filho(a) está em seu lugar como se fosse o cônjuge do pai/mãe que ficou só… assim, não consegue ir para a sua própria vida, não consegue estar em um relacionamento amoroso e às vezes nem consegue ter uma profissão e ganhar seu próprio dinheiro.
  2. Por algum acontecimento na família, filho ou filha passa a ser o “muro de arrimo” da família, os pais é que passam a depender financeiramente dele(a) e por isso este adulto não consegue saír de casa, se sente grande e responsável e não prioriza sua própria vida, seu futuro, sua autonomia.
  3. Os pais – ou um deles – o superprotegeu e o tempo passou e agora pai/mãe diz ou pensa coisas como “meu filho(a) não pode se sustentar, enquanto isso eu continuo ajudando. Um dia… quando ele(a) ganhar bem, aí sim poderá sair de casa.” Quando os pais pensam desta maneira, a mensamge subliminar é “meu filho(a) é incompetente e vai precisar de mim para sempre…” e nós dizemos no linguajar das Constelações que esses pais estão “tirando a força” do filho(a).

Existem outras dinâmicas e certamente nenhuma é uma regra. Traumas geram dinâmicas simbióticas e, às vezes, o trauma aconteceu em gerações anteriores quando as pessoas envolvidas no acontecimento funesto criaram uma maneira simbiótica de se relacionar para o bem da sobrevivência da família, gerando um padrão que eu costumo chamar de “família Doriana” – da margarina mesmo, em que tudo parece lindo, uma família muito unida, porém o que há por trás de “tanto grude” é um vínculo tão estreito que permite que um dê palpite na vida do outro o tempo todo, ninguém consegue fazer algo novo, diferente do que os mais velhos vêm fazendo e a tendência é que tudo simplesmente seja uma repetição. Neste modelo, empresas familiares são constituídas, férias são sempre entre eles, não há muito convívio social ou programas com pessoas externas à família.

Já os “fatores condicionantes” do tipo:

– “…quando eu ganhar mais”

– “…se eu conseguir um emprego ou promoção ou casar ou…”

Estão à serviço do desejo inconsciente de não sair da casa dos pais, então nunca vai ganhar mais ou conseguir um emprego melhor ou uma promoção ou casar senão estaria formado o contexto para caír fora, mas, por lealdade aos pais ou outra dinâmica, já tem um “script interno” de que nada disso vai acontecer pois está decidido a permanecer lá com eles… quem sabe até para sempre!

Enfim, tudo isso pode parecer normal e até bonito, como se fossem relações estreitas e felizes… mas quem está vivenciando esse típo de simbiose está se afastando da autonomia que lhe permitirá descobrir o novo, outras meiras de fazer as velhas coisas, outras formas de lidar com a vida cotiana e, assim, pelas suas próprias experiências, evoluir como pessoa.

Você deve estar se perguntando agora: e como saír desse labirinto?

A Constelação Familiar ajuda e identificar a dinâmica por trás da simbiose e pode apontar para um novo caminho rumo ao vínculo saudável que permite que cada membro da família siga seu próprio movimeno pela vida. É um aprendizado de uma nova postura. Pode ser assustador no início para todas as partes: pais e filhos envolvidos, mas depois, além de libertador é também propulsor de um movimento que chamamos de “ir para a vida” que faz descortinar uma nova jornada de crescimento e realização.

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